By barry hatton, associated press
Lisboa, Portugal – Agosto 14, 2017, 08:49 AM ET
traduzido por Dep. Relações Internacionais & Humanitárias (DRIH – GNBE)

Nesta foto tirada na quinta-feira, 10 de Agosto de 2017, Hugo Simões fala pelo rádio enquanto coordena um grupo de bombeiros voluntários de Lisboa que ajudam a combater um incêndio perto de Aldeia do Monte nos arredores de Abrantes, centro de Portugal. Quase todos os 2000 bombeiros Portugueses que estiveram este verão, durante uma semana num incêndio florestal, que matou mais de 60 pessoas este têm algo em comum além do grave perigo que enfrentaram: fizeram-no sem ser pagos e com equipamento de doações públicas. Mais de 90 porcento dos cerca de 30,000 bombeiros Portugueses são voluntários. (AP Photo/Armando Franca)
Quase todos os 2000 bombeiros Portugueses que estiveram este verão, durante uma semana num incêndio florestal, que matou mais de 60 pessoas este têm algo em comum além do grave perigo que enfrentaram: fizeram-no sem ser pagos e com equipamento de doações públicas. Mais de 90 porcento dos cerca de 30,000 bombeiros Portugueses são voluntários.
Mais de 90 porcento dos cerca de 30,000 bombeiros Portugueses são voluntários. Desde advogados a operários da construção, eles dão o tempo livre para arriscar as suas vidas. Mais flagrante é que, os corpos de bombeiros voluntários onde eles trabalham baseiam-se em doações e rendimentos obtidos do trabalho, em eventos privados, para pagar pelo seu equipamento.
Quando são deslocados para um incêndio florestal fora da sua área de residência, durante a época de incêndios no verão, o governo paga a estes intrépidos homens e mulheres 1,87€ ($2) por hora. E os bombeiros voluntários normalmente entregam esse miserável salário aos seus corpos de bombeiros, financeiramente asfixiados.
Hugo Simões, um bombeiro Lisboeta de 33 anos, que foi deslocado em Junho para o incêndio florestal nacional mais mortífero de que há registo, diz que um sentido de dever e irmandade move os voluntários. “Nós fazemos isto pelo espírito da comunidade”, diz ele.
Os voluntários não são incomuns em corpos de bombeiros da Europa e mais além – mais de 97 porcento dos bombeiros alemães são voluntários, nos Estados Unidos esse número está perto dos 70 porcento. Mas em Portugal, estes serviços não financiados, são a linha da frente das emergência, construindo a espinha dorsal dos recursos da Autoridade Nacional de Proteção Civil. Existem apenas sete corpos de bombeiros profissionais no país.
Simões trabalha no mais antigo corpo de bombeiros de Portugal, os Bombeiros Voluntários de Lisboa, criado em 1868 por real decreto. Para ele, o espírito voluntário mostrado por gerações de bombeiros é impagável. É uma tradição cultural.
“Aqui em Portugal tem sido assim por muito tempo”, ele encolhe os ombros. “Gostamos do que fazemos. Nos dias quentes quando podíamos ir para a praia, em vez disso vamos para o quartel, para ajudar”.
Simões atualmente trabalha a tempo completo como administrativo no corpo de bombeiros, ganhando cerca de 600 euros por mês.
Em Junho, quando a sirene tocou para ir ajudar no massivo incêndio, na área florestal ao redor de Pedrogão Grande, cerca de 150 quilómetros (90 milhas) a norte de Lisboa, Simões deslocou-se com quatro veículos e respetivas equipas.
“Alguns saíram do trabalho e arriscaram-se a levar falta”, diz Simões. Em todo o país, outros bombeiros voluntários fizeram o mesmo.
Um tempo escaldante, assim como ventos fortes e florestas que estavam secas após meses de pouca chuva, alimentaram as chamas em Pedrogão Grande, tal como outros incêndios florestais este verão. O incêndio espalhou-se tão rapidamente que 47 pessoas morreram numa estrada, nos seus automóveis, enquanto fugiam das chamas que iam avançando.
“O stress, a adrenalina, o calor – exigem um enorme esforço”, diz Simões. “Às vezes deixa-nos os cabelos em pé, mas a nossa preparação entra em ação.”
Cenários similares acontecem cada verão em Portugal: chamas gigantes que fazem dos bombeiros anões, enormes nuvens de fumo que se esticam o horizonte, os populares ajudam com baldes de água e mangueiras de jardim e golpeiam as chamas com ramos de árvore. Incêndios florestais correm através de florestas de eucaliptos e pinheiros que estão por limpar e com uma vegetação muito concentrada.
Este ano foi particularmente mau, devido a uma severa seca que atinge 80 porcento do país. Os incêndios florestais em Portugal, representam mais de um terço de floresta queimada, de todos os 28 países da União Europeia, até 5 de agosto.
Nesta última semana, Simões e a sua equipa descolaram-se a um grande incêndio florestal em Abrantes, não muito longe de Pedrogão Grande. Os bombeiros controlaram as chamas em 48 horas.
Os bombeiros voluntários são comummente retratados como heróis em Portugal. Uma recente campanha de angariação de fundos descreve-os como “heróis sem capas.” Fazem solicitações de comida e água para ajudar os bombeiros, que inevitavelmente gera um dilúvio nacional de doações.
Cerca de 80 pessoas estão de serviço nos Bombeiros Voluntários de Lisboa. Eles recebem mais de 300 horas de formação que são também realizadas fora do seu horário de trabalho diário.
Simões diz que o corpo de bombeiros sempre teve pessoal suficiente, apesar de que é esticado nas emergências.
Estão financeiramente apertados. Os fatos de proteção de incêndio custam quase 2,000 euros cada um, a recente aquisição de 100 novos capacetes custou 28,000 euros.
Os corpos de bombeiros voluntários Portugueses geralmente usam veículos comprados em segunda mão. Em Lisboa, o exemplo retrata-se com a inclusão de um camião de combate a incêndios adquirido no Luxemburgo. Um novo custa mais de 250,000 euros – muito acima do seu orçamento. O sonho deles, confidencia, é possuir um grande camião de combate a incêndios americano.
Original disponível em: http://abcnews.go.com/International/wireStory/heroes-capes-portugals-firefighters-work-free-49204538