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Agilidade na Resposta ao Trauma
 

Nas 'missões de Bombeiros propriamente ditas', isto é, excetuando-se pela nossa consideração o que diz respeito ao transporte de doentes urgentes e não-urgentes e a urgência pré-hospitalar propriamente dita, peculiaridade de Portugal no âmbito de Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM), a sorte joga frequentemente um papel preponderante para quem assume o papel de vítima, seja ela um Cidadão ou um Bombeiro.

 

Sem pôr em prejuízo a competência de quem está para os abordar – desde o socorrista/tripulante de ambulância à equipa de emergência médica pré-hospitalar – as 'missões de Bombeiros propriamente ditas', tratam-se de cenários caóticos onde abunda um sem fim de agentes dissuasores daquilo que realmente importa focar. Não poucas vezes, no trauma - para além das suas próprias incógnitas - as vítimas chegam apresentar-se 'camufladas' por sinais dissuasores multivariados (agentes como terra, fuligem, líquidos com tinção, roupagens difíceis de retirar, ruídos, luminescências etc.) conduzindo para situações catastróficas ou de colapso súbito aquele que está no(s) papel(eis) de vítima(s) urgindo não só  necessariamente de uma atenção especializada, mas também rigorosamente assertiva.

Necessariamente num contexto de inacessibilidade/acessibilidade condicionada, a observação clínica a olho nu e a estetoscopia têm de dar lugar à ultrassonografia de emergência, mais vulgarmente conhecida por ecografia de emergência.

 

 

A popularidade da ecografia de emergência foi alcançada pelos protocolos FAST e eFAST (Focused Assessment with Sonography in Trauma e Extended Focused Assessment with Sonography in Trauma), direcionados à triagem diagnóstica do Suporte Avançado de Vida no Trauma (SAVT). Tais, para além de triar situações de lesão com Risco Iminente de Morte – Pneumotórax, Hemotórax, Volet costal, Contusão pulmonar bilateral, Hemorragia massiva e Tamponamento cardíaco – quando precocemente identificadas, também proporcionam uma agilização ótima dos recursos disponíveis, mediante as circunstâncias de cada caso, já que a solução final de cada caso grave será a intervenção cirúrgica e a dos demais a manutenção da vigilância hospitalar.

Por exemplo, quando um paciente tem um resultado positivo no local da ocorrência, a assistência pré-hospitalar é minimizada e parte-se para a agilização de um transporte mais rápido, levando-o ao hospital mais adequado como pode ser um centro de trauma. Uma vez chegado a um local de acessibilidade condicionada às habituais equipas de emergência médica, como contextos de incêndios de grandes proporções, colapso de estruturas, atuações em montanha, ravinas, acidentes de mergulho e resgates hostis, com o eco FAST & eFAST, torna-se possível otimizar a ativação de uma ambulância terrestre ou aérea em aproximadamente 3 minutos.

Na resposta ao trauma, o helicóptero é um meio de transporte ‘voraz’ não só na gestão do tempo de resposta a uma situação, mas também na gestão dos recursos para a sua aquisição/manutenção, determinando-se a partir daqui o grau de acessibilidade do mesmo a qualquer utente.

Aqui a questão está em encaminhar correta e eficazmente o paciente, sem cair no erro de se disporem de meios mais diferenciados e menos abundantes de forma despropositada, como pode ser a ativação de um helicóptero medicalizado por uma suspeita de lesão abdominal sem esta ter sido previamente descartada na primeira abordagem de trauma, pela ausência de líquido livre na cavidade abdominal.

OS PRESENTES NO LOCAL MENOS ACESSÍVEL PODEM, EM ESCASSOS MINUTOS, CONSTITUIR, A TODOS OS NÍVEIS, UMA GRANDE DIFERENÇA!

A

B

C

Área Subxifoideia
Pericárdio / Coração
Hipocôndrio Direito
Espaço de Morrison
Hipocôndrio Esquerdo
Espaço Subfrénico
Espaço Perihepático
Interansas
Saco de Douglas
Área Suprapúbica

Atualmente segundo as Guidelines 2015 do European Resuscitation Council (ERC), assume-se que a ecografia durante a peri-paragem pode ter um papel na identificação e tratamento das causas reversíveis de paragem cardíaca (Tamponamento Cardíaco, Tromboembolismo Pulmonar ou Cardíaco, Hipovolémia e Pneumotórax), bem como na identificação dos estados de baixo débito cardíaco (pseudo-Atividade Elétrica Sem Pulso)

Também a via-aérea e a respiração tem passado a beneficiar do proveito da ecografia de emergência fora do hospital, nos contextos de maior exigência, como pode ser a comprovação do posicionamento do Tubo EndoTraqueal (TET) ou o auxílio no diagnóstico e terapêutica de estados de dispneia e edema do pulmão, possíveis de identificar com ecografia em menos de um minuto.

 

Aplicável por não-médicos, depois de primeiramente experimentada por médicos não-radiologistas, tal interessa aplicar no contexto de Proteção Civil e Bombeiros para que, sem precedentes, se possa tratar precocemente os estados de choque tipicamente encontrados no contexto das missões de salvamento e resgate que lhe são características, proporcionando às vítimas maior probabilidade de sobrevivência, através de uma assistência pré-hospitalar baseada em mínimos, com prioridade a um transporte adequado pelo Serviço de Emergência Médica (SEM) para o tratamento intra-hospitalar definitivo.

Síntese de Utilidades

A tudo isto acresce também a utilidade da ecografia em Bombeiros, por especialistas na área da radioimagiologia, no campo da Saúde Ocupacional no sentido lato. Neste contexto faz-se possível a deteção precoce de lesões músculo-esqueléticas decorrentes do dia à dia, cuja não deteção atempada acarreta consequências físicas para o indivíduo enquanto pessoa e enquanto praticante da atividade de Bombeiro, onde quando descuradas ou tratadas tardiamente podem revelar-se irreversíveis (p.e.: Síndrome do Túnel Cárpico). Desta forma e com a possível intervenção de um Bombeiro-Enfermeiro nesta matéria, intervindo num contexto menos ativo – dentro do quartel – agiliza-se assim o processo de tratamento. Este tem por base não um diagnóstico mas sim em sinais, acrescidos aos sintomas, para uma orientação diagnóstica que mais facilmente permite abrir caminho correto e atempado às diferentes possibilidades de tratamento.   

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